GEOLINGUÍSTICA

MESA REDONDA: GEOLINGUÍSTICA
Coordenadora: Vanderci Aguilera (UEL)

Geolingüística e lingüística histórica
Adolfo Elizaincín, Universidad de la República y Academia Nacional de Letras, Montevideo

Ya no es posible pensar la geolingüística como una disciplina independiente. Inevitablemente está unida, por lo menos, a otras dos grandes disciplinas de gran relieve en la actualidad: la sociolingüística y la lingüística histórica. Como de todos modos sostengo que la sociolingüística es una variante de la lingüística histórica, he resumido el título de mi presentación en estos dos nombres que aglutinan y compendian una larga tradición de estudios lingüísticos.
Con ejemplos del Atlas diatópico y diastrático del Uruguay (ADDU) y otras atlas hispanos  intentaré mostrar cómo 1) el planteamiento del cuestionario que debe usarse para recoger datos debe tener en cuenta estas circunstancias; 2) el análisis de los datos proporcionados por la geolingüística se favorece de una visión interdisciplinaria en la que intervienen  también no solo la lingüística histórica sino también otras  disciplinas como la pragmalingüística, por ejemplo; 3) el carácter bilingüe de un atlas como el ADDU profundiza aun más el conocimiento del comportamiento de las diferentes fenómenos estudiados (cartografiados)

 

O Atlas Linguístico do  Brasil: uma visão crítica dos caminhos seguidos e perseguidos
Suzana Alice Marcelino Cardoso, Universidade Federal da Bahia/CNPq

Nesta comunicação retomam-se informações sobre o Projeto Atlas Linguístico do Brasil (Projeto ALiB), projeto coordenado por um Comitê Nacional constituído com a participação de pesquisadores representantes de dez instituições universitárias, que se desenvolve, como já se tem divulgado, com base em um corpus constituído a partir da aplicação de questionários linguísticos a 1.100 informantes, pertencentes a duas faixas etária — faixa I- 18 a 30 anos, faixa II – II – 50 a 65 anos —, aos dois gêneros e, nas capitais de estado, a dois estratos sociais — fundamental e universitário —, distribuídos em uma rede de 250 localidades que recobrem as diferentes regiões do país, “do Oiapoque ao Chuí”, com o objetivo de apresentar uma visão do percurso dos estudos dialetais.
No examinar criticamente essas trilhas, tem-se em mira: (i) discutir os princípios metodológicos que a Dialectologia vem seguindo, particularmente no Brasil, no curso da sua história, os enfoques assumidos e as vantagens das mudanças operadas; (ii) examinar, tendo em vista as características de cada momento e de cada região, a correlação entre a metodologia escolhida e a realidade linguística a ser descrita; (iii) ver as motivações que orientaram a opção por um caminho de análise e pela escolha de uma perspectiva teórica — monodimensional ou pluridimensional; (iv) tecer considerações sobre resultados, já possíveis de serem consultados, do Projeto ALiB, estabelecendo relação com os princípios metodológicos adotados e avaliando a pertinência da postura assumida na condução dessa pesquisa.
Ao final, (i) por um lado, procurar-se-á mostrar, com base em dados de natureza fonética, semântico-lexical e morfossintática, já passíveis de serem analisados, como os caminhos seguidos e perseguidos pelo Projeto Atlas Linguístico do Brasil conduziram a acertos e estão permitindo resultados que espelham a diversificada realidade do português brasileiro, e (ii) por outro, por-se-á em destaque o traçado de áreas já passíveis de serem delineadas por isoglossas que resultam do que apontam os dados disponibilizados.

 

Notícia da descrição geoliguística do  galego. Estado  da arte.
Rosario Álvarez, Instituto  da Lingua galega - Universidade de Santiago de Compostela

O galego é a lingua da Galiza, isto é, grosso modo, do território a que ficou reduzida a primitiva Gallaecia, depois da separação do Condado Portucalense (fins. séc. XI), que viria a dar lugar a Portugal. A Galiza é hoje uma comunidade autônoma espanhola e o galego é a língua oficial no seu territorio (junto com o espanhol, que é oficial em todo o reino da Espanha). Por isso, há uma origem compartilhada que serve de base histórica para esta grande afinidade entre o galego e o português, que é ainda maior se o confrontamos com o português setentrional.
Há também uma base histórica para as diferenças, pois à variação geolinguística, presente desde o início, soma-se a deriva independente de ambos os diassistemas observável durante os últimos nove séculos. A nossa intervenção terá duas partes:
a) Na primeira, apresentaremos o estado da arte, focalizando a atenção nos estudos geolinguísticos realizados nos últimos quarenta anos, nos projetos em curso e nos recursos que estão ao dispor dos pesquisadores (sobretudo os acessíveis através da internet). Esse límite temporal condiciona-se a fatores históricos e sociolingüísticos, pois até meados da década de sessenta não houve estudos filológicos na universidade galega, bem como até finais da década de setenta os galegos não começamos a recuperar os nossos direitos lingüísticos.
b) Na segunda parte, faremos uma breve apresentação geolinguística do galego, atendendo tanto à disposição das variantes sobre o território quanto à identificação e comentário de alguns dos traços mais significativos. Ter-se-á presente na exposição que a totalidade do território linguístico galego forma parte do território constitutivo do bloco galego-português, junto com o norte de Portugal (até o Douro), o que explica algumas características geolinguísticas; considerar-se-á também as repercussões no nosso mapa geoletal das dinâmicas posteriores, em sociedades independentes, a saber, o galego ao norte e o português ao sul. Mostrar-se-á a distribuição espacial de alguns traços que caracterizam as variedades galegas, ressaltando-se especialmente aqueles que não são partilhados com o português.

 

Contribuições da Geolinguística para a escritura da história do português brasileiro
Vanderci de Andrade Aguilera, Universidade Estadual de Londrina

A Geolinguística no Brasil alcançou um nível de desenvolvimento inédito nos últimos 20 anos. Se até o ano de 1990, contava com apenas quatro atlas publicados (Atlas Prévio dos Falares Baianos, Esboço de um Atlas de Minas Gerais, Atlas Linguístico da Paraíba e Atlas Linguístico de Sergipe), hoje o quadro é totalmente diverso. Desde a última década do século XX até os dias atuais, foram publicados cinco atlas estaduais, um atlas regional e foram concluídos, embora inéditos, dois atlas estaduais. Como atlas em andamento, em estágios diversificados, contabilizam-se cinco atlas estaduais.
O maior avanço, sem dúvida, reside na elaboração do Atlas Linguístico do Brasil – ALiB-, projeto reconhecido em lei há cerca de 60 anos (1952), sonhado e delineado por Silva Neto (1957) e Nascentes (1958; 1961) e colocado em execução por uma equipe de dialetólogos de uma dezena de universidades em 1996.
Os dados orais coletados desde o APFB (1963) até o ALiB (em fase de publicação) representam uma fonte linguística inesgotável para estudos sobre a formação do Português Brasileiro. São dados fonéticos, lexicais, morfossintáticos, discursivos, entre tantos outros, que dão pistas da presença dos diversos grupos humanos que formaram a nação brasileira e a língua portuguesa aqui aclimatada.
Sobre o tema, vários estudiosos vêm buscando fazer a associação do movimento do homem pelo espaço físico e a disseminação de traços fonéticos, léxicos, morfossintáticos e prosódicos, tais como os trabalhos sobre a presença de galicismos no Atlas Prévio dos Falares Baianos, de Cardoso (1994, 1998); o estudo de Pisciotta (1998) em dados do APFB, sobre a alternância de formas eruditas e populares que documentam fatos históricos do período da conquista do interior, da atividade pastoril, das bandeiras e da exploração de minas em território baiano; os artigos de Aguilera (2005, 2006a, 2006b,2007) em que, visitando os diversos atlas estaduais, associa áreas de isoléxicas aos dados da História social, dos séculos XVII ao XIX, como a chegada dos primeiros paulistas vicentistas ao solo paranaense; a contribuição indígena, o trajeto dos bandeirantes pelos caminhos de Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso; o ciclo do ouro; o tropeirismo e a criação de gado; a atração pelas terras roxas do norte paranaense, as imigrações europeia e asiática, entre outros.
Nesta comunicação nosso objetivo é demonstrar a importante contribuição que a Geolinguística pode oferecer para auxiliar na descrição do Português Brasileiro, seja na recuperação e preservação de variantes lexicais em desuso, ou pouco frequentes, seja apontando as novas formas que se inserem no falar cotidiano.